Enfrentando o Câncer

Pacientes com câncer

luta contra a câncerO câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores ou neoplasia malignas segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.

As teorias compartilham a crença comum de que o câncer começa como resultado de um vírus ou de uma mutação genética. Em determinados indivíduos, o processo da doença avança devido a fatores genéticos, comportamentais e/ou psicológicos que fazem com que as células anormais se proliferem, até que um tumor se desenvolva. O câncer desafia uma descrição simples, pois a sua ocorrência varia com o gênero, a idade, a etnia e o estilo de vida.

Quando o sistema imunológico é saturado pelo número de células cancerosas ou enfraquecido pelo stress ou por algum outro fator, o sistema de vigilância do sistema imunológico é suprimido e o câncer pode se desenvolver (Holland e Lewis, 1996).

Receber um diagnóstico de câncer geralmente traz aos pacientes aspectos emocionais que merecem ser avaliados e estudados, tanto quanto, ou até mesmo mais do que a doença em si. Afinal, sabe-se que a eficácia do tratamento, tanto cirúrgico quanto quimioterapia e radioterápico dependerá muito do estado emocional do paciente. Além disso, um diagnóstico de câncer sempre traz fortes abalos emocionais ao paciente que passa a vivenciar a doença com muita angústia, ansiedade, depressão e temor da morte (Corrêa 2000).

Segundo Lydia Temoshok, pessoas que apresentam um padrão de comportamento tipo C, são predisponentes ao câncer. Estas pessoas tendem a ser harmoniosas, passivas, a não expressar sentimentos e a priorizar as necessidades das outras pessoas sobre as suas próprias.

As doenças que ameaçam a vida, como o câncer, criam situações extremamente estressantes para os pacientes e suas famílias. O câncer é uma doença muito temida pela maioria das pessoas, pois é sabido que esta doença pode lhes causar um grande sofrimento.

O processo de enfrentamento ou de mobilização emocional, comportamental e cognitivo que objetiva a adaptação deste paciente às diferentes fases da doença, nada mais é, que o conjunto de estratégias que a pessoa vai utilizar para enfrentar estas fases.

Diante do diagnóstico do câncer, o paciente reage à morte e ao morrer, apresentando alterações emocionais características do processo de elaboração do luto, o luto por uma saúde que já não existe mais e passa por todas as fases deste processo, desde a negação até a aceitação da doença.

Num primeiro momento, após a revelação do diagnóstico, o paciente tende a não aceitá-lo, passando a viver a fase de negação da doença. Essa negação, ou parte dela é usada por quase todos os pacientes num primeiro estágio da doença ou logo em seguida. Ela funciona como um escudo de proteção, como forma de ganhar tempo para compreender o que esta acontecendo e se defender temporariamente, para depois, começar a aceitar a doença, agora, como parte de sua vida.

O estágio da negação é substituído por sentimentos de raiva, revolta, inveja e de ressentimentos, transformando este paciente em uma pessoa hostil e que trata aos outros também com hostilidade. É importante que as pessoas entendam que esse comportamento atual do paciente nada tem a ver com a pessoa em quem está sendo descarregada toda essa raiva, para que esse ciclo de hostilidade deixe de ser alimentado e não mais interfira negativamente nas suas relações neste momento.

Outra alteração emocional vivenciada pelo paciente é o estado de barganha, sendo esta fase de utilidade ao paciente, pois nela ele tenta negociar com os profissionais de saúde e familiares a forma como gostaria de ser tratado. A maioria das barganhas é feita com Deus, em segredo ou nas entrelinhas. Psicologicamente, estas barganhas estão associadas às culpas do paciente, porque ele vê a doença como uma punição para suas dívidas morais, de valores ou de promessas não cumpridas.

É comum o paciente desistir de lutar contra a doença, entrando assim, numa fase de depressão, ou seja, o paciente passa a elaborar a aceitação da doença dando-se por vencido, originando assim o medo de morrer. Por fim, o paciente entra na fase de aceitação da doença, e nesta fase, passa a aceitar o diagnóstico de câncer, aceitando assim o prognóstico dado ao seu estado de saúde, passando a contribuir de maneira mais satisfatória ao tratamento da doença (Nutter, 1985 e Kovács e cols, 1996).

Muitos pacientes se recusam em seguir o tratamento devido ao processo reacional vivido diante do diagnóstico da doença. É natural e necessário que este processo ocorra para que o paciente compreenda e aceite a doença, mas precisa ser superado, pois nele, reagem como se a doença não existisse ou minimizam sua gravidade.

Diante do diagnóstico do câncer é necessário que o paciente comece a distinguir o que é, e o que não é possível controlar, para poder canalizar suas energias para providências importantes como consultas médicas, realização de exames ou mudanças necessárias no seu estilo de vida, como parar de fumar.

O auxílio ao paciente com câncer deve proporcionar uma oportunidade para refletir, identificar, compartilhar, elaborar e desenvolver estratégias para lidar com essa nova condição de vida. É fundamental proporcionar a este paciente acolhimento, apoio e um espaço onde ele possa processar e expressar seus conflitos, medos, fantasias e angústias em relação à doença, ao seu tratamento ou a sua morte.

O processo de enfrentamento é realmente efetivo quando consegue aliviar os sentimentos desconfortáveis que estão associados a ameaças e/ou perdas que a doença traz consigo, como a mudança de rotina diária, autonomia ou na sua aparência física.

É de extrema importância manejar o stress, presente em todo o processo do adoecer, desde o diagnóstico, tratamento até o prognóstico, que pode ser de enfrentamento, em alguns casos, da fase terminal da doença.

Proporcionar educação para a saúde, desenvolver habilidades específicas para resolver problemas, manejar o stress e tratar os aspectos psicológicos envolvidos são intervenções benéficas para maior qualidade de vida e para o bem-estar destes pacientes.

O tratamento psicológico do paciente com câncer consiste em promover e manter sua motivação e adesão aos tratamentos necessários, desenvolver e treinar habilidades para enfrentar situações de risco que agravam o quadro da doença e controlar estados conflituosos, depressivos e de ansiedade anteriores e/ou decorrentes ao tratamento.

Pacientes que recebem apoio psicológico, onde podem expressar suas preocupações, conflitos e emoções em relação ao câncer, apresentam maiores condições de enfrentamento da doença, da reabilitação ou no enfrentamento de sua fase terminal.

Dra. Cláudia P.S. Nogueira
Psicóloga – CRP: 06/32758
Centro de Psicologia – SPA SOROCABA

 

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