Vamos falar de Câncer de Próstata e Alterações Emocionais
A grande maioria dos homens resistem e falam sobre o câncer de próstata , muitas vezes, por medo ou falta de informação e respeito ao tema.
O câncer de próstata é um tumor que atinge a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga que circunda a uretra e acomete mais aos homens.
A cada seis homens, um sofre com diagnóstico de câncer de próstata no Brasil. Essa é a segunda principal causa de morte por câncer de pessoas do sexo masculino, com o registro de cerca de 14 mil óbitos por ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
As doenças que ameaçam a vida, como o câncer, criam situações extremamente estressantes para os pacientes e suas famílias. O câncer é uma doença muito temida pela maioria das pessoas, pois é sabido que esta doença pode lhes causar grande sofrimento.
O processo de enfrentamento emocional, comportamental e cognitivo busca a adaptação deste paciente às diferentes fases da doença, isto é, o conjunto de estratégias que a pessoa vai utilizar para enfrentar estas fases.
Diante do diagnóstico do câncer, o paciente reage apresentando alterações emocionais características do processo de elaboração do luto, o luto por uma saúde que já não existe mais e passa por todas as fases deste processo.
Num primeiro momento, após a revelação do diagnóstico, o paciente tende a não aceitá-lo, passando a viver a fase de negação da doença
Essa negação, ou parte dela é usada por quase todos os pacientes num primeiro estágio da doença ou logo em seguida. Ela funciona como um escudo de proteção e assim ganha tempo para compreender o que está acontecendo para depois, começar a aceitar a doença, agora, como parte de sua vida.
O estágio da negação é substituído por sentimentos de raiva, revolta e ressentimentos, transformando este paciente em uma pessoa hostil e que trata aos outros também com hostilidade. É importante que as pessoas entendam que esse comportamento atual do paciente nada tem a ver com a pessoa em quem está sendo descarregada toda essa raiva.
Outra alteração emocional vivenciada pelo paciente é o estado de barganha, sendo esta fase de utilidade ao paciente, pois nela ele tenta negociar com os profissionais de saúde e familiares a forma como gostaria de ser tratado. A maioria das barganhas é feita com Deus, em segredo ou nas entrelinhas. Psicologicamente, estas barganhas estão associadas às culpas, porque ele vê a doença como uma punição.
É comum o paciente se sentir fragilizado diante da doença e entrar numa fase de depressão, ou seja, o paciente passa a elaborar a aceitação da doença dando-se por vencido, originando assim o medo de morrer. Por fim, o paciente entra na fase de aceitação da doença onde passa a aceitar o diagnóstico, passando a contribuir de maneira mais satisfatória ao tratamento da doença (Nutter e Kovács e cols, 1996).
Muitos pacientes se recusam em seguir o tratamento devido ao processo reacional vivido diante do diagnóstico da doença. É natural e necessário que este processo ocorra para que o paciente compreenda e aceite a doença, mas precisa ser superado, pois nele, reagem como se a doença não existisse ou minimizam sua gravidade.
Diante do diagnóstico do câncer é necessário que o paciente comece a distinguir o que é e o que não é possível controlar, para poder canalizar suas energias para providências importantes como consultas médicas, realização de exames ou mudanças necessárias no seu estilo de vida, como parar de fumar.
O auxílio ao paciente com câncer deve proporcionar uma oportunidade para refletir, identificar, compartilhar, elaborar e desenvolver estratégias para lidar com essa nova condição de vida. É fundamental proporcionar a este paciente acolhimento, apoio e um espaço onde ele possa processar e expressar seus conflitos, medos, fantasias e angústias em relação à doença, ao seu tratamento ou a sua morte.
O processo de enfrentamento é realmente efetivo quando consegue aliviar os sentimentos desconfortáveis que estão associados a ameaças e/ou perdas que a doença traz consigo, como a mudança de rotina diária, autonomia ou mesmo sua aparência física.
É de extrema importância manejar o stress, presente em todo o processo do adoecer, desde o diagnóstico, tratamento até o prognóstico, que pode ser de enfrentamento, em alguns casos, da fase terminal da doença.
Proporcionar educação para a saúde, desenvolver habilidades específicas para resolver problemas, manejar o stress e tratar os aspectos psicológicos envolvidos são intervenções benéficas para maior qualidade de vida e para o bem-estar destes pacientes.
Pacientes que recebem apoio psicológico, onde podem expressar suas preocupações, conflitos e emoções em relação ao câncer, apresentam maiores condições de enfrentamento da doença, da reabilitação ou no enfrentamento de sua fase terminal.